Uma brasileira na Escócia

Já fazem quase duas semanas que voltei e acho que é hora de escrever um pouquinho sobre minha experiência na Escócia. Mas é tanta coisa que eu fico um pouco confusa e não sei muito bem onde começar... (e confesso que não tenho mais muita paciência para escrever textos longos, assim como você não tem paciência de lê-los.. hehe)

Estive no Edinburgh International Harp Festival com incentivo do Governo Federal através do Ministério da Cultura brasileiro. Clique aqui para acessar o site oficial do festival. Já fazia cerca de um ano que eu estava sondando as possibilidades de participar de um festival de harpa céltica, desde que conheci os meninos da banda Café Irlanda (e tocamos juntos numa noite inesquecível!). E com, a possibilidade de encontrar meu namorado, acho que foi tudo o que eu precisava para colocar as mãos na massa e trabalhar - duro - para conseguir chegar lá. Então, Florin querido, obrigada pelo incentivo. Valeu cada minuto. O festival foi muito bom. Voltei crescida. Vi, ouvi, aprendi e conheci muitas coisas novas. Já dizia meu querido professor Marcelo Penido que uma experiência no exterior é sempre válida e eu atesto e digo que foi muito importante pra mim. 

Em primeiro lugar porque um festival onde a harpa céltica fosse o foco era tudo o que eu queria. Sempre senti que a harpa sem pedais aqui no Brasil era meio considerada o patinho feio. Aquela que ninguém quer, que fica parada num canto porque "não serve para o meu repertório", serve só para "tocar em casamento". Peguei as dores da harpa céltica e resolvi que não seria assim. Comecei a dar aulas de harpa céltica e incentivar os meus alunos a adotá-la como instrumento principal, sem nutrir o sonho de um dia comprar uma de pedais. A harpa céltica tem muitas possibilidades e é linda, além de ser fácil menos difícil de transportar, por ser menor e mais leve. E muito mais barata!!

Uma pausa só para reafirmar meu grande amor pela harpa de pedais - também.

Pensei então no grande valor que seria poder entrar em contato com harpistas que tocam apenas a harpa céltica. Isso seria um mundo novo para mim, e realmente foi.

Fiz um curso de música irlandesa com a grande Michelle Mulcahy, além do curso de músicas ecléticas com Fiona Rutherford e o curso de contar estórias na harpa (isso mesmo!! ao estilo dos bardos) com Heather Yule, cujas estórias vão me fazer muita falta (por sinal, você sabia que as estórias escocesas em geral tem um final bem macabro? rsrs)

Além disso assisti muitos concertos de música irlandesa, escocesa, ou celta em geral, ou mesmo algumas coisas mais modernas, participei de uma céilidh, que foi a noite mais memorável do festival (dancei muuito, me perdi muito também - graças ao espaço limitado da minha memória, e ri a noite inteira), e assisti mais três workshops, um deles especialmente voltado às "semitone levers" ou chaves de semitons (que só existem nas harpas célticas, já que os pedais cumprem essa função numa harpa de concerto). E sessions!!! Nas quais a harpa era o instrumento mais presente!! Uns poucos bodhráns, cantores e sei lá o que mais, mas pelo menos uma dezena de harpas!! haha isso existe em algum outro lugar do mundo?!

Bem, não dá para falar agora tudo o que eu aprendi, é claro, mas eu devo dizer que o acolhimento do staff do festival foi maravilhoso, que todas as pessoas que eu conheci foram muito simpáticas, que o festival tinha muito mais senhoras de cabelos brancos do que jovens, e que os poucos jovens eram todos de fora do Reino Unido, que o festival é internacional de verdade, que tinha gente da Europa toda e até do Japão!, que eu fiz sucesso por ser brasileira, que a comida de lá é muito pesada, que mesmo na primavera faz muito frio.

O outro detalhe é que é tudo muito caro. Se você não tem uma economia generosa, ir para o Reino Unido com certeza não é a melhor opção. Existem festivais do mesmo tipo nos Estados Unidos, tenho certeza que para um brasileiro fica muito mais em conta. Com certeza não é igual, afinal, eu estava mergulhada na cultura celta, e o festival terminou sendo um contato amplo com a cultura, não só com a harpa céltica...

Durante o festival, aconteciam muitos cursos e workshops simultâneos. Além de uma lindíssima exposição de fabricantes de harpas, o que para mim pareceu uma espécie de paraíso. Eu pude experimentar muitas harpas, tocar em harpas do mesmo modelos feitas com madeiras diferentes, ou cordas diferentes, ou levers diferentes. Pude ver uma harpa pequenininha de pedais, do tamanho de uma céltica grande, lindinha da Pilgrim Harps. Clique aqui para conhecê-la (espero que eles me paguem uma comissão.. hehe). E partituras!!! Todas as partituras do mundo, todas ali, ao alcance de minhas mãos!!! (mas não dos meus poucos pounds, infelizmente...). Foi maravilhoso.

Ok, este texto era para ser curto, mas não deu. Qualquer dia posto alguma coisa mais específica sobre o que vi e aprendi no EIHF!!

Um abraço,

Rayana do Val

Comentários

  1. Bárbaro!! Fico ainda mais feliz pela sua alegria e felicidade...sabia que tinha muiiiiiiiiiiiiiiiiito mais do que uma aliança nessa viagem....RSRSRSR

    ResponderExcluir
  2. Fiquei muito feliz por ti Ray. Parabens!

    ResponderExcluir
  3. Legal ler sobre suas experiências fora do país. Parabéns!! (Senti falta de ver fotos do festival)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Herson!! Pois é, eu também senti falta de fotos... mas não tirei nenhuma! Meu celular parou de funcionar uns dias antes, não deu para levar nada. Fica só na memória mesmo.. :(

      Excluir

Postar um comentário